No Salobrinho mais de 2.000 hectares de mata e campos rupestres já foram devastados por uma queimada criminosa. “Hoje tem dez dias que o fogo começou e ele continua avançando a pesar dos esforços dos brigadistas”- comenta Rosicleide da Anunciação Santos, moradora do assentamento. “A Prefeitura Municipal está contribuindo com transporte e alimentação para os brigadistas, mas tem incêndios em outros locais da Chapada e os esforços acabaram se dividindo. Houve momentos em que tivemos que desistir do combate por falta de pessoal e equipamento. Duas aeronaves já estão atuando em outros pontos da Chapada, são priorizados os locais
dentro de áreas de Proteção Ambiental-APAs” – afirma Victor Guimarães, coordenador de Defesa Civil do município.
“Não temos uma logística, um plano de combate, não recebemos equipamento de proteção individual para todos os combatentes, temos que ficar revezando as bombas e roupas. Eu venho denunciando a existência de uma ‘indústria do fogo’ já que tem muitos interesses em jogo quando o fogo sai de controle e tem que ser mobilizados aviões, helicópteros e pessoal especializado”- comenta com indignação Homero Vieira, presidente da ACVCD-Associação de condutores de visitantes e brigadistas da chapada Diamantina e coordenador da CIFA-Combatentes de Incêndios Florestais de Andaraí.
“A região passa por um período de seca prolongado, e este fenômeno é um forte indicador para um plano emergente de prevenção em uma zona turística que todo ano tem o mesmo problema ambiental”. Diz um manifesto da ACVCD-Associação de Condutores de Visitantes da Chapada Diamantina- A espera por uma estratégia efetiva dos órgãos federais envolvidos, IBAMA e ICMBIO, assim como pela chegada de equipamentos de proteção para os combatentes, significa em enormes perdas para a região: milhares de hectares queimados, animais mortos, florestas devastadas, terra empobrecida.