Filhos da tradição politica no Município de Seabra

Por Luana Barros Escritora no Blog 15 de April

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    Em meio a tantas mudanças ao passar dos anos, algumas tradições familiares continuam a ser seguidas. Tradições essas passadas de geração a geração, pais, filhos e comunidades sendo que varia de rituais a política e gestões.

    Nordeste é como o “berço” de alguns dos maiores clãs políticos do Brasil e onde se concentra o maior número de candidatos com parentes no mesmo meio.

    Em Seabra, na Bahia, a tradição de manter uma determinada família no poder político perpetuou por longos anos, estando presente inclusive na gestão atual.

    Quando tratado da tradição familiar na política, é importante recordar o período coronelista. O poder dos coronéis transmitia superioridade econômica, social e política que causava filhotismo (transferência de poder, passado de pai para filho), expresso em regime de favores aos amigos e de perseguição aos inimigos.

    Além da estrutura agrária que concentrava as riquezas nas mãos dos coronéis, o coronelismo tinha como seu preferencial a política municipal, onde o coronel estabelecia seus domínios.

    Filhos da tradição

    O ex-vereador Iovane Filho, filho de ex-prefeito e neto de coronel, traz de suas memórias as histórias de seu avô Manuel Fabrício, nascido no povoado do Campestre, hoje pertencente ao município de Seabra.

    Vendo como uma oportunidade de fazer parte da gestão do povoado, Manuel Fabrício de Oliveira aliou-se politicamente ao governador José Joaquim Seabra, iniciando seu histórico político como Coronel. Em sua liderança, intitulou Seabra como sede municipal, guerrilhando por suas terras, trazendo o desenvolvimento e crescimento sustentável para a população residente da época.

    “Por convívio político desde o tempo do meu avô, meu pai Iovane de Oliveira Guanaes, se encantou e foi prefeito de Seabra por dois mandatos. Essa tradição já está na família a mais de 50 anos, possivelmente desde quando Seabra existe, e é gratificante pertencer a uma família que faz parte da história política da cidade desde sua fundação, mas ao mesmo tempo nos traz muita responsabilidade, cada atitude e ação tomada possui consequências, principalmente no âmbito político”. (IOVANE FILHO)

    O vice-prefeito Marlon Leite, que também possui histórico político com seu pai Dálvio Leite como prefeito em três mandatos e seu avô Manoel Teixeira Leite com dois mandatos, comenta que seu avô Manoel começou sua política no início do período das eleições diretas com votos democráticos.

    Em sua gestão, Manoel seguiu os passos de seu antecessor e amigo Manuel Fabrício, governando a cidade e procurando dar a sua população uma qualidade melhor de vida. Dálvio acompanhou ainda em sua infância, a gestão de Manoel e já se interessou pelo trabalho de gestor, mesmo sem o apoio inicial do pai. Por seu amor à cidade de Seabra, Dálvio foi candidato e ganhou a eleição.

    “Em seus anos como prefeito, estive sempre acompanhando o trabalho do meu pai Dálvio Leite como administrador do município, não como político. Desde criança, eu não me interessava por política, o que sempre me chamou atenção foi o possível desenvolvimento da cidade, mas para esse desenvolvimento acontecer é necessário a presença da política para possibilitar esse crescimento à Seabra. Acompanhando o trabalho do meu pai e a necessidade do povo de ter uma administração na cidade, fui convidado a ser vice”. (MARLON LEITE)

    Tradição ou Coronelismo

    No município de Seabra, a população ainda encontra questionamentos sobre a diferença entre tradição familiar política e o coronelismo da República Velha. Acreditam que atuais e futuros gestores de uma determinada família, manterão na história os rastros do coronelismo na cidade de formas distorcidas.

    “Trata-se o coronelismo como se fosse uma coisa má. Na época do coronelismo existiam pessoas que abusavam do poder que tinham para fazer coisas ruins, como também existiam pessoas que sabiam e queriam administrar uma cidade, vê-la evoluir. Na mesma época, sendo coronel do mesmo jeito”, diz Iovane.

    Muito ainda tem a se falar de coronelismo em Seabra no que diz respeito às relações do cotidiano e as influencias desses coronéis na rotina das comunidades e familiares. “Quando você é criado por um empresário é natural que você tenha interesse no ramo empresarial. Eu fui criado no âmbito político, então é normal para mim ter esse interesse em seguir os passos do meu pai, em estar vivendo a política. Quando eu me interessei em seguir esse caminho, eu estava ali porque gostava. Não é como se meu pai estivesse passando para mim essa responsabilidade. Eu estava ali porque queria tornar o crescimento da cidade possível”, afirma.

    Os filhos dos anteriores gestores seabrenses, costumam dizer que o interesse político veio principalmente pelo desejo de evolução da cidade de Seabra. O vice Marlon afirma que a mesma paixão que seu pai tem pelo município, ele tem e deseja ver e fazer parte do crescimento da sua terra.

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