Governo zera IPI para carros compactos sustentáveis produzidos no Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, nesta quinta-feira (10), um decreto que zera o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos compactos produzidos no Brasil e com alta eficiência ambiental. A medida faz parte do Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), lançado em 2023, com foco na descarbonização da frota automotiva nacional.

Para ter direito ao IPI zero, os veículos precisam atender a quatro critérios obrigatórios:

  • Emitir menos de 83 g de CO₂ por quilômetro rodado;
  • Ter pelo menos 80% de materiais recicláveis;
  • Ser produzido no Brasil, com etapas como soldagem, pintura, motor e montagem realizadas localmente;
  • Estar enquadrado na categoria de carro compacto, modelo de entrada das montadoras.

O lançamento do decreto ocorreu em cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, além de ministros, parlamentares e representantes do setor automotivo.

“Carro sustentável sem aumentar imposto. Zero aumento de carga tributária, sem impacto fiscal. Equilíbrio total, mas com estímulo à descarbonização, à sustentabilidade e ao social”, destacou Alckmin.

Nova tabela de IPI para veículos

O decreto, que será publicado no Diário Oficial da União (DOU), também estabelece um novo modelo de cálculo do IPI para os demais veículos, com vigência prevista para dezembro de 2026. A nova regra entra em vigor em 90 dias.

A alíquota base será de 6,3% para carros de passeio e 3,9% para veículos comerciais leves, podendo variar de acordo com os seguintes critérios:

  • Eficiência energética;
  • Tipo de tecnologia de propulsão;
  • Potência do motor;
  • Nível de segurança;
  • Índice de reciclabilidade.

Modelos que atingirem melhores índices poderão ter reduções no imposto. Um carro híbrido-flex, por exemplo, pode ter a alíquota reduzida de 6,3% para até 2,8%, caso atenda aos critérios de eficiência, reciclabilidade e tecnologia limpa.

Investimentos e impactos econômicos

Segundo o governo, cerca de 60% da frota vendida no Brasil poderá se beneficiar com a redução do IPI. A medida não implicará em perda de arrecadação fiscal, devido ao sistema de compensações previsto na nova tabela.

O programa Mover prevê a liberação de R$ 19,3 bilhões em créditos financeiros entre 2024 e 2028. A estimativa do setor é de investimentos da ordem de R$ 190 bilhões, incluindo montadoras, autopeças e concessionárias.

“Um carro produzido hoje no Brasil polui 20 vezes menos do que um feito nos anos 2000. Reduzimos o consumo de combustível em 35% e, com isso, também as emissões de poluentes como o dióxido de carbono e nitratos”, afirmou Igor Calvet, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).

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