Idosos em todo o Brasil estão sendo vítimas de golpes que utilizam reconhecimento facial e dados pessoais para a contratação indevida de empréstimos. O caso da aposentada Célia Moreno revela como criminosos se aproveitam da falta de informação sobre tecnologias para aplicar fraudes.
Célia contou que duas pessoas pediram uma foto com ela. Sem desconfiar, aceitou. “Achava que era uma selfie comigo e com ela. Aí mandaram tirar os óculos, ficar séria. Foram umas dez fotos até uma que bateu. Depois, pediram para tirar foto dos meus documentos”, relatou.
Um mês depois, ela descobriu um desconto de R$ 600 em seu salário. “Aí eu fiquei louca”, afirmou. O valor era referente a um empréstimo que ela jamais contratou.
Segundo especialistas, os criminosos usam fotos em alta definição para enganar os sistemas de segurança dos bancos, que utilizam a biometria facial como forma de autenticação. A chamada “impressão facial” considera pontos como largura da boca, distância entre as orelhas e formato dos olhos — dados únicos que, se obtidos, podem ser usados como uma assinatura digital.
O especialista em dados Luiz Rodrigo Tozzi explica: “Hoje, o reconhecimento facial é equivalente à assinatura. Para muitos idosos que estão acostumados ao atendimento físico, essa tecnologia ainda é desconhecida”.
Como se proteger:
- Evite fotos muito próximas do rosto.
- Desconfie de insistência para tirar várias fotos.
- Não retire óculos, bonés ou acessórios durante fotos com desconhecidos.
O professor de Direito João Victor Archegas defende a criação de políticas mais rigorosas de proteção: “O sistema financeiro, as empresas de tecnologia e o governo precisam agir juntos para evitar esses crimes”.
A Febraban afirmou que os bancos investem cerca de R$ 5 bilhões por ano em segurança cibernética e atuam em parceria com a polícia, Anatel e o Ministério da Justiça para combater fraudes.