BRASÍLIA — Cotado para assumir a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos , o deputado E duardo Bolsonaro (PSL-SP) saiu de uma reunião na manhã desta sexta-feira com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, no Itamaraty, afirmando estar seguro de que não haverá crime de nepotismo, caso seja de fato indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para o posto.
— Não sou um filho de deputado que está do nada vindo a ser alçado a essa condição. Tem muito trabalho sendo feito, sou presidente da Comissão de Relações Exteriores [da Câmara], tenho uma vivência pelo mundo, já fiz intercâmbio, já fritei hambúrguer lá nos Estados Unidos — enfatizou.
O parlamentar argumentou que sua ida para Washington fortaleceria as relações bilaterais entre os dois países e revelou que não vê necessidade de renunciar ao mandato na Câmara mas, se isso acontecer, só deixaria o cargo depois de ter sido sabatinado e aprovado pelo Congresso. Na quinta-feira, o ministro do STF Marco Aurélio Mello afirmou que a renúncia é obrigatória nesses casos.
— Ontem (quinta-feira) mesmo, já falava com minha assessoria jurídica sobre essa possibilidade [de nepotismo], que foi descartada — afirmou.
O nepotismo ocorre quando um agente público usa de sua posição de poder para nomear, contratar ou favorecer um ou mais parentes. Segundo Eduardo Bolsonaro, que é filho do presidente da República, a súmula vinculante do Supremo Tribunal Federal que trata do nepotismo permite a indicação política pelo presidente e, por isso, não haveria impedimento para que ele assumisse a função de embaixador. O tema divide o STF .
— Não vejo nisso nenhum desconforto. Não é por ser filho do presidente da República que ele vai me colocar numa vida boa na embaixada — disse. — Pelo lado americano, vai ser visto com bons olhos. É só você imaginar o Macri [Mauricio Macri, presidente da Argentina] mandando seu filho para ser embaixador aqui no Brasil. Seria um recado, uma posição firme de que as relações não estão no discurso. Estão realmente para serem efetivadas.